quarta-feira, 31 de outubro de 2007



a mão que faz o desenho inscreve a palavra

Instalação Installation

Isabel Baraona (PT)
19 Out / 22h00 / inauguração 19th Oct / 10pm / opening
20 Out – 17 Nov / Seg – Sáb, 10h00 - 19h00 / exposição 20th Oct – 17th Nov / Mon – Sat, 10am – 7pm / exhibition
Transforma, Praça do Município - 8, Torres Vedras





I. a mão que faz o desenho inscreve a palavra
Desde 2001, as várias séries de desenhos têm como temática primeira as relações amorosas e filiais sob as suas mais diversas facetas. Estas estórias são interpretadas através dos contos de fadas e das mitologias; narrativas povoadas por seres em permanente transformação e adaptação, próprias ao processo de sobrevivência e maturação. Assim se estabelecem incontáveis paralelos, evidenciados pelos personagens híbridos e sobreposições de diferentes iconografias universais e pessoais. O interesse pela literatura acompanha o processo do fazer. Há um certo número de palavras e pequenas frases cuja presença, constante e obsessiva, acompanham várias etapas e séries de trabalho. Estes termos opostos e inseparáveis - masculino e feminino, desejo e agressão, ternura e possessão – sublinham o confronto entre os personagens, numa narrativa com diferentes tempos de acção e tensão. Esta narrativa, que nem sempre é inteiramente legível, parece transpor a superfície do desenho, que é construído no verso e reverso da folha de papel. Ao processo de pesquisa, construção e maturação de uma série de trabalhos, associa-se um questionamento sobre as especificidades de cada disciplina/ técnica; um trabalho de desenho gera uma série de objectos, que pode dar origem a uma série de gravuras.
II. a mão que faz o desenho inscreve a palavra, é um projecto iniciado em Fevereiro de 2007 e foi apresentado em Haslum (Noruega), em Bruxelas e Lisboa. O trabalho consiste num conjunto de recortes em papel autocolante, cujas particularidades são terem diferentes cores frente/verso e serem exemplares únicos, recortados à mão.

a mão que faz o desenho inscreve a palavra, é um projecto assumidamente efémero: não só pela impossibilidade material de ser conservado e por ser destruído durante a desmontagem; mas, sobretudo, porque o desenho que se vê é inconstante, não se deixa fixar num ponto de vista, altera-se com o deambular do espectador em torno da vitrina. Este é um desenho que contêm desenhos sob a forma de uma linha espontânea – rabiscada – que nem sempre define um personagem; limita-se a esboçar uma ideia que fica sempre numa etapa imprecisa e indefinida.
III. O meu trabalho é como um mapa de referências e afectos que, simultaneamente, me constitui e que teço, dando um corpo ao que me abraça. O trabalho é uma cartografia pessoal: re-desenhada segundo as imagens, as viagens, os livros, filmes, músicas e pessoas que vejo e encontro; É uma teia imperceptível, urdida na vivência do dia a dia e que abarca 2 continentes e três línguas. Nunca se fixa. Os projectos existem a partir de ideias simples, surgem por falha de um outro trabalho, amadurecem lentamente – por via de uns rabiscos e pequenas maquetas; são sempre concebido numa profunda e estranha simbiose com os trabalhos anteriores e, uma vez materializado, dão origem a outro. Arrisco-me a dizer que, também os projectos nunca se fixam, que avançam num processo contínuo e simultâneo a uma lógica interna, biográfica. E por essa razão, o trabalho apresentado nunca é verdadeiramente site specific. É ajustado entre a ideia primeira e as condicionantes do espaço proposto para exposição. É a soma do percurso por mim traçado, entre o espaço de atelier e o espaço de exposição.



Isabel Baraona, Cascais – Setembro 2007

Biografia

Nasceu em Cascais, em 1974. Entre 1997 e 2003 estudou em La Cambre e viveu em Bruxelas (Bélgica), onde iniciou o seu percurso profissional com uma exposição individual no ano de 2001. Instalou-se em Portugal em 2003, após ser convidada a dar aulas na ESAD.CR (Caldas da Rainha)



I. a mão que faz o desenho inscreve a palavra

Since 2001, the main theme of these several series of drawings is loving and parental relationships. These stories are interpreted through fairy tales and mythologies; narratives populated with beings in permanent transformation and adaptation, inherent to the survival and maturation process. This way, innumerable parallels, put in evidence by hybrid characters and different universal and personal iconographies, are created.
II. a mão que faz o desenho inscreve a palavra is a project which started in February 2007 and was presented in Haslum (Norway), Brussels and Lisbon. This project consists of a set of self-adhesive paper clippings, whose particularities are to have different colours on front and reverse sides and to be unique hand-cut examples.
a mão que faz o desenho inscreve a palavra is an ephemeral project: because it’s impossible to move it from one place to another without destroying it; but mainly because the drawings change as the spectator moves around the display. This is a drawing that contains drawings under the form of a spontaneous line - scribbled - that not always defines a character; it simply sketches an idea that always stays in a vague and indefinite stage.
III. My work is like a map of references and affections which, simultaneously, constitute me and that I weave, embodying all that surrounds me. The work is a personal cartography: re-designed according to the images, the trips, the books, the films, the music and the people I see and meet. It’s an imperceptible web, woven in the day-to-day experience and it embraces 2 continents and 3 languages. It’s impermanent.
Projects come from simple ideas; they appear because other work didn’t succeed, they slowly mature – through scribbles and small scale models; they are always conceived in a deep and strange symbiosis with the former works and, once they materialize, they give origin to another one. I risk myself to say that projects are also impermanent, that they develop in a continuous and simultaneous process to an internal logic, biographical.
And, for that reason, the presented work is never truly site-specific. It is adjusted between the first idea and the conditions of the space where the exhibition will occur. It’s the result of the path I’ve chosen, from the studio to the exhibition space.


Isabel Baraona, Cascais – September 2007

Biography
She was born in Cascais, 1974. Studied in La Cambre , between 1997 and 2003, and lived in Brussels (Belgium), where she started her professional career by doing an individual exhibition in the year of 2001. She came to live in Portugal in 2003, after being invited to teach at ESAD.CR (Caldas da Rainha).



Fotos Photos:
























fotos photos © Isabel Baraona (PT)

terça-feira, 30 de outubro de 2007



Horror Vacui Instalação Installation
Michael Pinsky (UK)

19 Out / 21h00 / inauguração
19th Oct / 9pm / opening
Transforma, Praça do Município - 8, Torres Vedras
26 Out – 17 Nov / Seg – Sáb, 10h00 – 19h00 / exposição
26th Oct – 17th Nov / Mon – Sat, 10am – 7pm / exhibition
Armazém Warehouse, Pátio Alfazema, Torres Vedras

Os azulejos são uma característica predominante da arquitectura portuguesa. Os azulejos foram sendo incorporados, ao longo dos últimos quinhentos anos, em diversos estilos arquitectónico, desde o Gótico ao Bauhaus. Esta utilização única dos azulejos surge por toda a cidade de Torres Vedras.
Horror Vacui observa e faz o mapeamento dos azulejos inerentes à arquitectura da cidade e cria uma representação decorativa, não-funcionalista da sua estrutura. Esta base de dados constituída pelas imagens dos azulejos é usada para criar um puzzle formado por designs híbridos, que mistura e transforma os diversos padrões repetitivos dos azulejos. Esta charada formará um painel com uma área de 49 m2.
Uma vez impressos, as imagens dos azulejos serão enviadas para cem pessoas de vários pontos do mundo. Os participantes, que serão cuidadosamente seleccionados, estarão completamente envolvidos e empenhados no projecto. Cada azulejo tem um formato de 70cm x 70cm, um tamanho difícil, mas não impossível, de transportar. Cada um destes participantes chegará a Torres Vedras numa data específica para construir o painel.
O processo de mapeamento que permite seguir o rasto dos azulejos tanto a nível local, mostrando a sua localização original, como a nível global, mostrando a localização dos participantes, será visível na internet através do Google Earth. Uma espécie de fios interactivos fará a ligação entre a localização original dos azulejos e a dos participantes.
Dentro de um espaço definido, os participantes terão de interagir entre eles para construir o puzzle. Cada lado do azulejo terá um padrão único, que apenas alinhará com um dos lados de um dos outros azulejos. O processo de construção do painel será filmado a partir de cima. No início teremos um espaço cheio de gente, mas, à medida que o puzzle for sendo construído, os participantes abandonarão o espaço pouco a pouco até que o padrão completo seja revelado.
O processo de documentação, desconstrução, mutação, dispersão, convergência e reconfiguração usará a rede de contactos da Transforma para criar uma narrativa de trabalho. Uma vez feito, o trabalho levará consigo esta mitologia. Pedaços da arquitectura de Torres Vedras serão espalhados pelo mundo a pessoas que, ao trazerem os azulejos de volta à sua cidade, serão audiência e ao mesmo tempo performers deste projecto. O desenho repetitivo dos azulejos reflecte a dimensão e o número infinito de configurações possíveis dentro da rede. O espaço será construído através da interacção social.
O palco onde a acção decorre é trazido pelas próprias pessoas. O vazio é preenchido.

Michael Pinsky 2007


Nota: No início do século XV os Portugueses adoptaram a tradição Moura do Horror Vacui (‘medo de espaços vazios’) e cobriram completamente as paredes com azulejos.

Biografia

Michael Pinsky desempenha diversas funções em simultâneo, enquanto: projectista urbano, activista, investigador, residente e artista. Pinsky responde sítio-específicamente ao espaço físico e sociológico. O contexto é fundamental, providenciando tanto o conteúdo como a plataforma para o seu trabalho. Pinsky anda actualmente em itinerância com Panacea, uma exposição apoiada pela ACE, que passará pelos seguintes locais: CCC, Tours; Galerie d’art Contemporain, Chinon; Archilab, Orleães e Le Parvis, Ibos, em France; the John Hansard Gallery e a Cornerhouse, em Manchester. Os projectos a solo seleccionados foram: In Transit, ICA, Londres, V2 Lab, Roterdão, Economist, Londres, Armory Center of the Arts, Los Angeles, EUA, e a Cornerhouse, Reino Unido; Routes, Modern Art Oxford, Reino Unido; Weather Cluster, COAST commissions, Reino Unido, Transparent Room, Leed City Art Gallery, Watershed, Bristol, Reino Unido and the Contemporary Art Forum, Canadá; Feedback premiado na Weimar, European Cultural Capital e desenvolvido no ZKM, Karlsruhe, Alemanha, e Ecole des Beaux-Arts, Aix-En Provence, França.

http://www.michaelpinsky.com/




The prominence of tile design defines Portugal’s built environment. Tiles have been incorporated into the last five hundred years of architectural style from Gothic to Bauhaus. In Torres Vedras this distinct use of tiles punctuates the town.
Horror Vacui surveys and catalogues the town’s architectural tiles creating a decorative, non-functionalist representation of its structure. This database of tile motifs is used to create a puzzle formed by hybrid designs, which merge and mutate the tiles’ diverse repeating patterns. This riddle, when completed, will form a floor with an area of 49 square meters.
Once printed these tiles will be posted to a hundred individuals across the globe. These carefully selected participants will be fully engaged and committed to the project. Each tile is a solid form 700mm by 700mm, an awkward though not impossible size to carry. Each courier will arrive in Torres Vedras on a particular date to construct the floor.
The mapping process tracking the tiles at both the local level, the tiles original location, and at the global level, the participant’s location, will be visible on the web using Google Earth. Animated strands will link the tiles original location with its temporary guardian.
Within a defined space the participants will have to negotiate with each other to construct the puzzle. Each side of the tile will have a unique pattern, which will only align with one side of another tile. The process of this construction of the floor will be documented from a bird’s eye view. The start of the process will present a space full of people, as the puzzle is configured the participants will slowly leave the space until the full pattern is revealed.
The process of documentation, deconstruction, mutation, dispersal, convergence and reconfiguration will use Transforma’s network, existing and desired, to create a narrative for the work. Once constructed, the work will carry this mythology with it. The architecture of Torres Vedras will be spread across the world to individuals, who through the process of bringing the tiles back home, become both the project’s audience and performers. The repeating design of the tiles reflects the infinite size and number of configurations available within the network. The built space will be constructed through the social engagement.
The platform supporting the people is brought by the people. The vacuum is filled.


Michael Pinsky 2007

Note: In the early 15th-century the Portuguese adopted the Moorish tradition of horror vacui 'fear of empty spaces' and covered the walls completely with azulejos.

Biography

Michael Pinsky takes the combined roles of urban planner, activist, researcher, resident and artist. Pinsky responds site-specifically to physical and sociological space. Context is crucial, providing both the content and the platform for his work. He is currently touring Panacea, an ACE funded exhibition, to the CCC, Tours; Galerie d’art Contemporain, Chinon; Archilab, Orleans; Le Parvis, Ibos in France; the John Hansard Gallery and the Cornerhouse, Manchester. Selected solo projects include; In Transit, ICA, London, V2 Lab, Rotterdam, Economist, London, Armory Center of the Arts, Los Angeles, USA, and the Cornerhouse, UK; Routes, Modern Art Oxford, UK; Weather Cluster, COAST commissions, UK, Transparent Room, Leed City Art Gallery, Watershed, Bristol, UK and the Contemporary Art Forum, Canada; Feedback premiered at Weimar, European Cultural Capital and developed at ZKM, Karlsruhe, Germany, and Ecole des Beaux-Arts, Aix-En Provence, France.
http://www.michaelpinsky.com/.


Fotos Photos:












fotos photos © Luís Firmo (PT)









fotos photos © Anna Piotrowska (PL)












fotos photos © Michael Pinsky (UK)


Desvios III Detours III
International forum of contemporary thought and art
Relational spaces: the new expanded field for art and thought
Encontro internacional sobre pensamento e arte contemporâneos
Espaços relacionais: o novo campo expandido para a arte e pensamento

Curadoria de Curated by: Gabriela Vaz-Pinheiro (PT) / Transforma

Participantes Participants: Álvaro Domingues (PT); Carla Cruz (PT); Cristiana Rocha (PT); Dolores Wilber (USA); Francesca Ferguson (UK); Future Reflections (UK): Catherine Maffioletti (UK), Katrine Hjelde (NO), Marsha Bradfield (CA); Nuno Grande (PT); Gabriela Vaz-Pinheiro (PT); Heitor Alvelos (PT), Igor Dobricic (CS), Isabel Sabino (PT), Lorenzo Benedetti (IT), Sara Matos (PT), Stephen Wright (CA)

19 – 20, Outubro October 2007 9h30 - 18h30,
Auditório do Edifício dos Paços do Concelho, Torres
Vedras, Portugal


Desvios / Detours III is the third edition of the international encounters hosted by Transforma in Torres Vedras since 2004, curated by Gabriela Vaz-Pinheiro, and is part of TRANSFORMA_B Arts, Creativity and the City.

The coming event proposes a different format for a conference by creating separate sets of interchange and discussion that later come together in the forum. The line up of speakers comprises some of most interesting and thought-provoking voices of this and the other side of the Atlantic:

Álvaro Domingues (PT); Carla Cruz (PT); Cristiana Rocha (PT); Dolores Wilber (USA); Francesca Ferguson (UK); Future Reflections (UK): Catherine Maffioletti (UK), Katrine Hjelde (NO), Marsha Bradfield (CA); Nuno Grande (PT); Gabriela Vaz-Pinheiro (PT); Heitor Alvelos (PT), Igor Dobricic (CS), Isabel Sabino (PT), Lorenzo Benedetti (IT), Sara Matos (PT), Stephen Wright (CA)

The structure of the event will thus consider two different types of moments: a line up of 30 minutes presentations from the invited and submitting speakers on the 19th and on the 20th (morning), both followed by a forum with the audience; and four working groups, chaired by a pair of speakers and invited participants, that will take place in the afternoon. The working groups will share their findings and experience in a final discussion at the end of the day. It is intended to create a space of debate and brainstorming around the issues involved, so that some form of collective reflection is shared by all participants during the working sessions and later with the audience at the general discussion moments. This interchange will complement the forums of the previous day and morning and offer the opportunity to test and share methodologies of discussion and reflection around the core issues of DESVIOS/DETOURS III.

Desvios / Detours III é a terceira edição dos encontros internacionais organizados pela Transforma em Torres Vedras desde 2004, com a curadoria de Gabriela Vaz-Pinheiro, e integra TRANSFORMA_B Arts, Creativity and the City.

Este evento propõe um formato diferente para uma conferência ao criar conjuntos separados de intercâmbio e discussão que mais tarde se reúnem em fórum. A composição do painel de oradores inclui algumas das vozes mais interessantes e provocadoras deste e do outro lado do Atlântico:

Álvaro Domingues (PT); Carla Cruz (PT); Cristiana Rocha (PT); Dolores Wilber (USA); Francesca Ferguson (UK); Future Reflections (UK): Catherine Maffioletti (UK), Katrine Hjelde (NO), Marsha Bradfield (CA); Nuno Grande (PT); Gabriela Vaz-Pinheiro (PT); Heitor Alvelos (PT), Igor Dobricic (CS), Isabel Sabino (PT), Lorenzo Benedetti (IT), Sara Matos (PT), Stephen Wright (CA)

A estrutura do evento, portanto, contempla dois momentos diferentes: uma sequência de apresentações de cerca de 30 minutos por parte dos oradores convidados no dia 19 e no dia 20 de manhã, ambas seguidas de fórum de discussão com a audiência; e quatro grupos de trabalho orientados por alguns dos oradores e participantes convidados para o efeito durante a tarde.
Os grupos de trabalho partilharão as suas conclusões e experiência numa discussão final encerrando o último dia. Pretende-se criar um espaço de debate e de intercâmbio crítico em torno das questões em tratamento, de tal forma que se efective uma reflexão colectiva partilhada por todos os participantes durante as sessões de trabalho e, mais tarde, também pela audiência, nos momentos de discussão geral. Este intercâmbio complementará os fóruns do dia anterior e da manhã e oferecerá a oportunidade de testar e partilhar metodologias de discussão e reflexão em torno das questões centrais de DESVIOS/DETOURS III.
Fotos Photos:









fotos photos © Luís Firmo (PT)




















fotos photos © Cristiana Rocha (PT)